terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O AVESSO DA RESPONSABILIDADE


Hoje, atendi um caso na sede do Conselho Tutelar, de uma mamãe que veio toda empolgada , dizer que agora está estruturada pra ficar com seu filho de 08 anos.
[esse caso, atendi ano passado, através de uma denuncia e chegamos a conclusão, numa reunião com toda a familia, que naquele momento, era melhor esse menino, ficar com a avó paterna, e foi isso que aconteceu]
"...agora, (disse a mãe), eu estou morando com uma pessoa do bem e juntos, podemos cuidar dos nossos filhos".
Ela então relatou: "... ele, o meu marido (não são casados/estão juntos), tem 02 meninos e como a mãe das crianças está detida, estão ficando com a gente(sic). "
A idade? 10 e 08 anos.
Muito bem. Prosa vai e prosa vem , ela relatou que os dois ( ela e o marido) trabalham a noite.
Mas veja: (sic)...." a gente sai de casa sómente a meia noite e eles ficam dormindo. Eu, retorno às 05:30 da manhã e ele, mais tarde. Mas não tem como preocupar, porque no quintal, tem uma mocinha que fica de antena ligada, caso aconteça alguma coisa. Quer dizer, não é bem no quintal, mas é bem pertinho. Quase do lado. Quase junto."(sic).
A idade? 13 anos.
Ai, pergunto: essa atitude é adequada?
Fico pensando no meu tempo de criança, que minha mãe nos deixava pra estudar. Naquela época ela cursava Admissão ( nem sei se é assim que escreve) ( nossa, era um curso que existia logo depois do quarto ano/primário). Era intermediário. Fazia isso, pra depois se matricular na quinta série.
Morávamos no fundo de uma igreja e meu pai era o presbítero( Assembléia de Deus/Ministério Belém), numa cidadezinha do interior.
Ela falava comigo e me dava a responsabilidade dos meus irmãos mais novos (02) e então, era minha função acionar meu pai, que estava orando ou fazendo algum aconselhamento na igreja.
A janela do nosso quarto, quando aberta, dividia com o púlpíto da igreja. Uma cortina apenas nos separavam. Era tudo fácil.
E ela falava horas com a gente, sobre os perigos de ficarmos sózinhos. Então, falava da importância de chamarmos meu pai, assim que surgisse algum imprevisto.
Desde muito nova, assimilei as falas de minha mãe, entendendo os perigos.
O Estatuto da Criança e do Adolescente também esclarece no artigo 5 e é crime o "abandono de incapaz".
As dificuldades vem e hoje , os pais tem que trabalhar para darem o sustento aos filhos. Manter uma familia não é tarefa fácil. Mas temos que ter o discernimento.
As vezes , nos deparamos com atitudes inadequadas porque os filhos estão tão ativos, tão espertos, que nos esquecemos que são crianças e damos responsabilidade demais.
Achamos que assim como são capazes de decidir pelos brinquedos ou roupas que querem, são também capazes de decidirem as ordens de um lar, administrando, cuidando, zelando, quando na realidade, esses são direitos que temos que garantir aos mesmos.
Precisamos pensar e refletir nossas atitudes.
As crianças dependem de nós, adultos e não são deles a competência de administrar nossos lares.
Eles precisam de cuidados / carinho. Sentem falta de uma familia que os mantenham.

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