domingo, 20 de dezembro de 2009

DIREITOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES



Essas fotos deveriam ser a realidade de todas as crianças, pois afinal, pregamos que elas tem direitos!
O Eca (Estatuto da Criança e do Adolescente) também diz isso; no entanto:



Esta semana foi perversa.
Na terça, Geovana estava toda espancada pela mamãe. Além das machucaduras todas pelo corpo; as pernas cheia de hematomas, ainda repuxava a mãozinha esquerda.Questionei o avô ,que me disse: "é nervoso". Toda vez que ela fica nervosa, faz isso.
Sua idade: 1 ano e 06 meses.
Porque de apanhar: olhou muito feio para sua mãe.



Semanas atrás:
Vítor; de 04 meses.
Estava com uma mordida gigantesca no braço. Quase que dividiu o braço ao meio.
Porque? Ele se mexe muito à noite.













Para encerrar a semana, na sexta feira Rayane de 02 aninhos, foi brutalmente espancada por sua mãe.
Motivos? Fez xixi na roupa, quando estava junto de sua mãe, trabalhando como cuidadora de carros.
Está hospitalizada, (no Hospital Central de Osasco),toda arrebentada ,com dores por todo o seu corpinho.

Até quando????????????????????





domingo, 6 de dezembro de 2009



Pulseiras Coloridas: Jogo Sexual (e perigoso)










Um modismo inocente apenas à primeira vista se espalhou em escolas do ensino fundamental de Curitiba e está fazendo com que direções de colégios tomem atitudes de orientação. São as pulseiras finas, coloridas e de silicone, que começaram a aparecer nos braços de pré-adolescentes e adolescentes de duas semanas para cá.
Diferentemente das pulseiras da campanha contra o câncer, promovida pelo ciclista Lance Armstrong e que viraram fenômeno mundial há cinco anos, os novos adereços fazem parte de um jogo de conotação sexual. Cada cor representa um ato afetivo, ou sexual, que vai desde um abraço a relações sexuais completas. Em teoria, a pessoa que teve a pulseira arrebentada precisa cumprir o que comanda a cor. O jogo teve início na Inglaterra, conhecido como Snap e as pulseiras naquele país são chamadas de “shag bands” (“pulseiras do sexo”, em tradução livre).
ultima = 0;

Saiba mais
Veja que o Cólegio Positivo enviou orientação aos pais
Antes de e-mail, acessório era inocente
Para quatro adolescentes de 13, 15 e 16 anos, as pulseiras coloridas não sig­­nificavam nada mais do que um ade­­reço bonito e na moda. Isso até on­­tem. Ao saberem da mensagem que elas passam, dois deles vão deixar de usá-las. Os outros não acreditam na proposta do jogo. Paula*, 15 anos, estudante de uma escola estadual no Xaxim, conheceu as pulseiras no início do ano, por intermédio de uma amiga.
Leia a matéria completa
Código das cores
Confira os significados das cores das pulseiras:
> Amarela – abraço
> Rosa – mostrar o peito
> Laranja – dentadinha de amor
> Roxa – beijo com a língua, talvez sexo
> Vermelha – dança erótica
> Verde – chupões no pescoço
> Branca – a menina escolhe o que quer
> Azul – sexo oral a ser praticado pela menina
> Preta – fazer sexo com quem arrancar a pulseira
> Dourado – fazer todos os citados acima
Em Curitiba, a novidade é facilmente encontrada em banquinhas de camelôs. Cada conjunto com 20 pulseiras custa R$ 2,50 em média. Elas são chamadas pelos vendedores de “pulseira da malhação”. O nome pode ser referência à gíria para beijo, ou à novela dirigida para o público adolescente que faz sucesso com a garotada. Mas também são conhecidas como “pulseira do sexo” e “pulseira da amizade”.
Novidade
Pais de outras capitais de estado já haviam percebido a moda, como em São Paulo e em Vitória, no Espírito Santo. Nas escolas de Curitiba, a pulseira começou a aparecer há dez dias, de acordo com as direções de colégios, nos braços de estudantes a partir de 10 anos de idade até de adolescentes de 15 anos.
Mesmo que todas as regras do jogo não estejam sendo cumpridas pelos pré-adolescentes, algumas direções estão tentando acabar com a prática. Nas escolas do grupo Bom Jesus, orientadores educacionais estão passando de sala em sala para conversar com os alunos e pedindo que não usem mais o adereço. O Colégio Marista Paranaense tomou medida semelhante e a direção prepara uma carta aos pais explicando o real significado do inocente adorno, que deverá ser entregue por e-mail, na próxima semana. “Se alguém tiver de proibir, tem de ser os pais”, lembra o diretor-geral, Valentin Fernandes. Enquanto isso, os professores orientam os poucos alunos que foram vistos usando as pulseiras.
A diretora da escola particular Unika, localizada no Novo Mundo, Solange Fortunatto Unika, conta que lá o caso das pulseiras coloridas foi resolvido de forma rápida. Há pouco mais de dez dias, tão logo percebeu o real significado da bijuteria, resolveu reunir os poucos alunos que já tinham aparecido na escola e explicar a conotação do uso. “A grande maioria nem sabia o que significavam as cores. Assim que souberam, tiraram sem problemas. Na realidade, os alunos da 4.ª série, por exemplo, nem sabiam da proposta do jogo”, comenta.
Diálogo antes de proibição
A psicóloga Fernanda Gorosito, da clínica Criança em Foco, diz que os pais não devem agir de forma apressada se perceberem que seus filhos compraram ou ganharam as pulseiras. “A proibição vai causar maior curiosidade. Para as crianças, não passa de uma brincadeira, elas não entendem a conotação do ato. Os pais precisam conversar para explicar que isso pode ser um ato de desrespeito com o próprio corpo”, diz a psicóloga. Ela explica que a partir dos 8 anos as crianças começam a diferenciar o masculino do feminino e a mostrar sentimento pelos colegas. Por isso alguns chamam um amigo de namorado, ou namorada, sem sequer trocar um beijo. “O namoro nessa idade consiste em tomar o lanche juntos, por exemplo. Eles estão desenvolvendo o gostar, o diferenciar os sexos. Mas ainda não têm noção do que é desejo sexual, o que vão desenvolver somente na adolescência”, diz a psicóloga. Ela reafirma, no entanto, que mesmo para adolescentes essa orientação sobre respeito ao corpo deve partir dos pais, que com calma precisam estabelecer os limites, determinado com diálogo.

Sobre a onda do momento:

Pulseiras coloridas, que aparentemente,no primeiro momento , parece algo inofensivo, existe na realidade , um agravante, que é saber de fato, quem está inocentemente fazendo uso.
Uma matéria que acabou de passar na TV Record(Doming
o espetacular), de hoje, dia 06 deste mês de Dezembro, a psicóloga entrevistada fala sobre a problemática de que mesmo não sendo perigoso, para quem as usa, acredita ser sim perigoso, pelo fato de que o pedófilo pode ficar atento por acreditar que a sua presa está solta.
Isso porque algumas crianças ou adolescentes podem continuar fazendo uso das mesmas, por acharem bonitas e inofensivas, visto que não sentem obrigadas a fazerem parte desse "jogo do séxo". Mas mamães, fiquem atentas e orientem seus filhos e filhas para o novo Mal do momento.

Conselheiros da Grande Oeste.




Aí está a galera de conselheiros tutelares da região oeste.

Tudo junto e Misturado, na luta de garantia de direitos de crianças e adolescentes.

domingo, 22 de novembro de 2009

Galera que faz parte do Fórum Regional


Fórum Regional dos Conselhos Tutelares da Grande Oeste,que abrange 15 municipios, num total de 18 conselhos tutelares.
Estamos unidos para que possamos nos fortalecer e assim, fazermos os direitos de crianças e adolescentes.
E no último dia 18 de Novembro, Dia do Conselheiro Tutelar, fomos homenageados pela primeira dama do municipio de Jandira,com um Dia diferente,com ações conselheiras presentes,afinal, somos Conselheiros todo dia e o dia todo.
Participamos de um evento no período da manhã, na Estância Aldeia da Serra, onde pudemos discutir nossas ações conselheiras e o andamento do nosso Fórum,com abertura ainda para estudarmos a montagem, criação de uma Associação Regional de Conselheiros e Ex Conselheiros Tutelares. Após as 12:00 hrs, tivemos a satisfação de sermos surpreendidos com um delicioso churrasco,com muitas saladas, frutas.......
Na sequência, estivemos (nós do Conselho Tutelar Osasco), no Largo (calçadão), abordando a população e fazendo a entrega do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).Foi muito bom!
O Conselho Centro teve a participação, trajando camiseta verde e o Conselho Sul, camiseta vermelha.(O Conselho Norte não participou em nenhuma das atividades).
"Familia, Alicerce da Nação", foi o slogan das nossas camisetas, além do emblema do conselho tutelar Osasco.










Difícil Tarefa

Muita coisa aconteceu nesses meses que fiquei sem contatos através deste mundo vitual......
Na sede do Conselho Centro da cidade de Osasco, muita água rolou, muitos assuntos para nos deixar atentos a tudo e em meio a tantas dificuldades para executarmos nossas ações, ficamos imbuidos o tempo todo de muita vontade de continuar lutando......
continuar na briga para a tão sonhada garantia de direitos de crianças e adolescentes.....
agora,cá entre nós, isto não é tarefa fácil.
São vários os momentos que fico pensando no quanto é complicado as tentativas de auxilio,quando um tantão de coisas não funcionam.....
Um exemplo prático:

Quando decidi me inscrever para ser conselheira tutelar,pensei no quanto poderia fazer para melhorar a vida de tantas crianças e adolescentes ,até mesmo daquelas que eu já conhecia, já tinha contatos, já tinha inclusive convívio.
Eu pensava que como não tinha nada nada de autoridade, se tornava dificil ,mesmo que eu gritasse, sapateasse, enfim..... afinal, me falaram que conselho tutelar é autoridade!
Vejam que coisa: descubro que essa tal "autoridade" continua pequena, porque preciso de minha autoridade enquanto ação conselheira,num colegiado, e aí já começam as barreiras, visto que a ajuda que vc acha que deva acontecer, outros dentro do conselho pode achar que não deva acontecer.....até porque depende do que vc vai fazer, é melhor não fazer(fica tão complicado, despende de tanto tempo, que é melhor deixar pra lá)...entendem?

Mas deixa pra lá........kkkkkk
me inscrevi , passei por uma entrevista com um psicólogo e então, estava pronta para uma capacitação, que aconteceu com técnicos da PUC. E realmente foi muito bom.
Detalhe: me fizeram acreditar que o Eca(estatuto da criança e do adolescente) deve ser a ferramenta fundamental na luta desses direitos que estou descrevendo. Acreditei!!!!!!!
Debrucei-me nele e quase consegui decorar os seus 267 artigos, na íntegra.
Fiz a prova e consegui a nota máxima.
Muito bem!!!!!!
Estava ápta a concorrer as eleições do conselho tutelar da cidade de Osasco.
Campanha eleitoral total: me empenhei; fui às ruas, andei cada metro desse chão dizendo aos amigos, conhecidos , que eu estava pronta a fazer a diferença; aliás o slogan da campanha era:
"Elejam Bons Conselhos".
Participei de palestras, entrevistas, feiras de rua... enfim.....foi um corre corre danado. (claro que isso aconteceu com todos os candidatos).
Chegou o Dia da Eleição: Outro Corre!!!
Dia todo nas escolas; tudo muito organizado, como uma eleição de prefeito,vereadoes,deputados, enfim.....tudo legalizado,com fiscais,urnas,promotores,tudo certinho.
Aí, a apuração e eis que meu nome está lá: na listagem dos eleitos.

Fico feliz e certa de que posso enfim, valorizar este árduo trabalho conselheiro.
Tomamos posse no dia 13 de Dezembro de 2008 e no dia 02 de Janeiro de 2009(este ano),assumimos nossas funções.
Nada de entender de fato, porque quem deveria repassar os serviços já tinham "vazado" (no ditado popular).

Aprendemos sózinhos, (ainda estamos aprendendo).........
Muita coisa por fazer ainda, mas estamos lá, juntos, firmes, tentando nos manter equilibrados,fazendo tudo com embasamentos na lei (Eca).
Logo no inicio do ano, aconteceu uma eleição para tirarmos o Fórum Regional (com o envolvimento dos 15 municipios da Grande Oeste). Me elegeram uma das coordenadoras e reunião daqui, outras de lá...... ansiedade, vontade e sede de mudança, erros, acertos e enfim, estamos quase encerrando o ano..... e estou cá,com uma porção de caraminholas na cabeça no sentido de repensar e refletir sobre o que realmente somos.
Não posso dizer que nada mudou, porque estarei mentindo, afinal, pude ver familias se amando mais, familias se reconciliando, tomando rumos certos......
Foram tantos os encontros, até regionais e tantas reflexões, tantas ações......
mas quando me deparo com documento sobre a mesa de pedido de representação para conselheiros que decidiram aplicar medida de proteção(lavrando BO e retirando -o do local, para resguardá-lo) à adolescente que foi abusado dentro de abrigo,fico pensando se valores morais não estão sendo invertidos,
fico na dúvida se os ensinamentos que recebi no sentido de amor ao próximo, de proteção aos que de nós necessitam foram em vão.
Deus nos ajude, nos dê o discernimento e forças para continuarmos lutando.

Aos companheiros conselheiros que estão nessa luta e não deixaram de acreditar,a paz do Senhor Jesus.


Rosi Ribeiro
Conselheira Tutelar Centro- Osasco.








quinta-feira, 23 de abril de 2009

18/05
Dia Nacional do combate ao abuso e exploração sexual

"Esquecer é Permitir

Lembrar é Combater"!

Caso Araceli
Durante mais de três anos, na década de 70, pouca gente ousou abrir a gaveta do Instituto Médico-Legal de Vitória, no Espírito Santo, onde se encontrava o corpo de uma menina de nove anos incompletos. E havia motivos para isso. Além de o corpo estar barbaramente seviciado e desfigurado com ácido, se interessar pelo caso significava comprar briga com as mais poderosas famílias do estado, cujos filhos estavam sendo acusados do hediondo crime. Pelo menos duas pessoas já tinham morrido em circunstâncias misteriosas por se envolverem com o assunto.
Ainda assim, corajosos enfrentavam os poderosos exigindo justiça, tanto que o corpo permanecia insepulto na fria gaveta, como se fosse a última trincheira da resistência. O nome da menina era Araceli Cabrera Crespo e seu martírio significou tanto que o dia 18 de maio - data em que ela desapareceu da escola onde estudava para nunca mais ser vista com vida - se transformou no Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Por uma dessas cruéis ironias, Jardim dos Anjos era onde ficava um casarão, na Praia de Canto, usado por um grupo de viciados de Vitória (ES) para promover orgias regadas a LSD, cocaína e álcool, nas quais muitas vítimas eram crianças - anjos do sexo feminino. Entre a turma de toxicômanos, era conhecida a atração que Paulo Constanteen Helal, o Paulinho, e Dante de Brito Michelini, o Dantinho, líderes do grupo, sentiam por menininhas. Dizia-se, sempre a boca pequena, que eles drogavam e violentavam meninas e adolescentes no casarão e em apartamentos mantidos exclusivamente para festas de embalo. O comércio de drogas era, e é muito enraizado naquela cidade. O Bar Franciscano, da família Michelini, era apontado como um ponto conhecido de tráfico e consumo livres.
Suspeitas sobre a mãe da menina
Araceli vivia com o pai Gabriel Sanches Crespo, eletricista do Porto de Vitória, a mãe Lola, boliviana radicada no país, e o irmão Carlinhos, alguns anos mais velho que ela. Na casa modesta, localizada na Rua São Paulo, bairro de Fátima, era mantido o viralata Radar, xodó da menina, que o criava desde pequenino. Segundo o escritor José Louzeiro que acompanhou o caso de perto e o transformou no livro “Araceli, Meu Amor” - o nome Radar foi escolhido pela garota “para que o animal sempre a encontrasse”. Araceli estudava perto de casa, no Colégio São Pedro, na Praia do Suá, e mantinha urna rotina dificilmente quebrada. Ela saía da escola, no fim da tarde, e ia para um ponto de ônibus ali perto, quase na porta de um bar, onde invariavelmente brincava com um gato que vivia por ali.
No dia 18 de maio de 1973, uma sexta-feira, a rotina de Araceli foi alterada. Ela não apareceu em casa e o pai, num velho Fusca, saiu a procurá-la pelas casas de amigos e conhecidos, até chegar ao centro de Vitória. Nada. A menina não estava em lugar algum. Só restou a Gabriel comunicar a Lola que a filha estava desaparecida e que tinha deixado seu retrato em redações de jornais, na esperança de que fosse, realmente, somente um desaparecimento. No dia seguinte, quando foi ao colégio para conseguir mais informações, Gabriel ficou sabendo que a menina tinha saído mais cedo da escola. De acordo com a professora Marlene Stefanon, Araceli tinha “ido embora para casa por volta das quatro e meia da tarde, como a mãe mandou pedir num bilhete”.
Na véspera, Lola tivera uma reação aparentemente normal ao constatar a demora da filha em chegar em casa. Primeiro, ficou enervada; depois, preocupada. No sábado, tarde da noite, sofreu uma crise nervosa e precisou ser internada no Pronto Socorro da Santa Casa de Misericórdia. Ainda no início do processo, acabariam pesando sobre ela fortes suspeitas e graves acusações. Lola foi apontada como viciada e traficante de cocaína, fornecedora da droga para pessoas influentes da cidade e até amante de Jorge Michelini, tio de Dantinho. E mais: ela era irmã de traficantes de Santa Cruz de La Sierra, para onde se mudou tão logo o caso ganhou dimensão, deixando para trás o marido Gabriel e o outro filho, Carlinhos. Não se sabe até onde Lola facilitou ou estimulou a cobiça dos assassinos em relação a Araceli.
Menina era usada no tráfico de drogas
A respeito de Dantinho e de Paulinho Helal, dizia-se que uma de suas diversões durante o dia era rondar os colégios da cidade em busca de possíveis vítimas, apostando na impunidade que o dinheiro dos pais podia comprar. Dante Barros Michelini era rico exportador de café (tão ligado a Dantinho que chegou a ser preso, acusado de tumultuar o inquérito para livrar o filho). Constanteen Helal, pai de Paulinho, era comerciante riquíssimo e poderoso membro da maçonaria capixaba. Seus negócios também incluíam imóveis, hotéis, fazendas e casas comerciais. Já o eletricista Gabriel, seu maior tesouro era a filha. No domingo, ele foi à delegacia dar queixa, onde lhe foi dito que tudo seria feito para encontrar Araceli. Na Santa Casa, ele contou a Lola o resultado de sua busca e falou da garantia dos policiais de que tudo acabaria bem. Lola pareceu não acreditar - e chorou. O escritor José Louzeiro não tem dúvida:
Lola foi, indiretamente, a causadora do hediondo crime de que sua filha foi vítima. “Na sexta-feira, a mando da mãe, Araceli tinha ido levar um envelope no edifício Apoio, no Centro de Vitória, ainda em construção, mas que já tinha uns três ou quatro apartamentos prontos, no 8º andar. A menina não sabia, mas o envelope continha drogas. Num dos apartamentos, Paulinho Helal, Dantinho e outros se drogavam. Ela chegou, foi agarrada e não saiu mais com vida”, conta o escritor.
O que aconteceu realmente com Araceli Cabrera Crespo talvez nunca se saiba. E talvez, seja bom mesmo não conhecer os detalhes, tamanha é a brutalidade que o exame de corpo delito deixa entrever. A menina foi estupidamente martirizada. Araceli foi espancada, estuprada, drogada e morta numa orgia de drogas e sexo. Sua vagina, seu peito e sua barriga tinham marcas de dentes. Seu queixo foi deslocado com um golpe. Finalmente, seu corpo - o rosto, principalmente - foi desfigurado com ácido.
Corrupção e cumplicidade da polícia
Seis dias depois do massacre da menina, um moleque caçava passarinhos num terreno baldio atrás do Hospital Infantil Menino Jesus, na Praia Comprida, perto do Centro da capital. Mas o que ele encontrou foi o corpo despido e desfigurado de Araceli. Começou, então, a ser tecida uma rede de cumplicidade e corrupção, que envolveu a polícia e o judiciário e impediu a apuração do crime e o julgamento dos acusados por uma sociedade silenciada pelo medo e oprimida pelo abuso de poder.
Dois meses após o aparecimento do corpo, num dia qualquer de julho de 1973, o superintendente de Polícia Civil do Espírito Santo, Gilberto Barros Faria, fez uma revelação bombástica. Ele afirmou que já sabia o nome dos criminosos, vários, e que a população de Vitória ficaria estarrecida quando fossem anunciados, no dia seguinte. Barros havia retirado cabelos de um pente usado por Araceli e do corpo encontrado e levado para exames em Brasília. confirmando que eram iguais. Por que a providência? Até então, havia dúvidas que era de Araceli o corpo que apareceu desfigurado no terreno baldio. Gabriel sabia que era o da filha - ele o reconheceu por um sinal de nascença, num dos dedos dos pés. Mas Lola disse o contrário. Assim que se recuperou, ela foi ao IML reconhecer o corpo e afirmou que não era de sua filha. Louzeiro recorda um outro fato a respeito disso, altamente elucidativo. Certo dia, Gabriel levou o cachorro Radar ao IML só para confirmar, ainda mais sua certeza. Não deu outra: mesmo com a gaveta fechada, animal agiu realmente como um radar, como Araceli premonizara, e foi direto à geladeira onde estava o corpo de sua dona.
O delegado muda de opinião
Porém, sem que explicasse o porquê (na noite anterior, ele tivera um encontro com Dante Michelini), Barros Faria mudou de opinião e, ao invés de estarrecer a população de Vitória, provocou riso e deboche por uma lado, e revolta, por outro. O assassino de Araceli, segundo ele, era um velho negro, demente, que perambulava pela Praia do Suá, perto da escola da menina. Começava a escalada de suborno, ou de medo. Coisa que não fazia parte do caráter de um sargento da Polícia Militar, lotado no serviço secreto, e de um vereador do MDB de Vitória. O primeiro, Homero Dias, acabaria pagando com a vida as investigações que fez. Certo de que estava mexendo em casa de marimbondos, o sargento Homero procurava se cercar de muito cuidado durante suas investigações. Tudo que apurava, ele comunicava a seu superior imediato, o capitão Manoel Araújo, também delegado de polícia, em quem confiava. A esposa, Elza, e ao sogro, João Dias, confidenciou certa vez: “Já tenho material para incriminar muita gente. Acho que o capitão Araújo já pode interrogar o filho de Constanteen Helal.”
Repentinamente, Homero foi afastado do caso pelo próprio capitão Araújo e recebeu ordens de perseguir o traficante José Paulo Barbosa. o Paulinho Boca Negra, na ilha do Príncipe. Na operação, Homero foi atingido nas costas e morreu. O próprio Boca Negra diria depois, na Penitenciária de Vitória, até ser calado para sempre, tempos após, com 27 facadas:
“Quem matou o sargento Homero foi o soldado da PM que estava com ele. Eu vi quando ele atirou.”
Evidências apontam para Helal e Dantinho
O vereador era Clério Vieira Falcão, falecido há cerca de seis anos, que travou incansável luta para botar na cadeia os assassinos de Araceli. Ele deflagrou uma campanha, que repercutiu em todo o país, exigindo a apuração do crime e a apuração dos culpados, que apontava: Dante de Brito Michelini, Paulo Constanteen Helal e a amante deste, Marisley Fernandes Muniz, viciada em drogas. O nome dela surgiu no caso graças à paciente investigação feita pelo perito Asdrúbal de Lima Cabral, o Dudu, que, com a ajuda de seu colega carioca Carlos Éboli, também muito contribuiu para que o caso não fosse esquecido. Louzeiro recorda, por exemplo, que certa ocasião Dudu seguiu a mãe de Araceli, Lola, até São Paulo. Ela tinha saído de Vitória vestida praticamente como uma mendiga e, num hotel da capital paulista, vestira roupas elegantes e embarcara num avião para a Bolívia. Motivo: comprar drogas para a gangue dos acusados, mesmo após a morte da filha.
Eleito deputado, Clério Falcão conseguiu formar uma CPI para apurar o caso, que obteve mais resultados que a própria polícia. Ouvida na CPI, Marisley Fernandes declarou que o casarão do Jardim dos Anjos era reduto de festas de filhos de milionários, onde se consumia grandes quantidades de cocaína e LSD.
Ela também disse, mas depois negou, que Paulinho Helal a tinha levado ao local onde estava o corpo de Araceli, num carro onde havia um frasco com um líquido amarelo e luvas. O objetivo dele, segundo a amante, era ver se precisava despejar mais ácido no cadáver para dificultar o reconhecimento. Também convocado a depor na CPI, o perito Carlos Éboli disse que os assassinos deram uma dose excessiva de LSD a Araceli.
O Caso Araceli também fez vítimas do lado dos acusados. Uma delas foi o jovem Fortunato Piccin, um viciado que perdia completamente a razão quando se drogava em excesso. Ele foi apontado pelo capitão Manoel Araújo como suspeito do crime e morreu depois de tomar um remédio trocado, na Santa Casa de Misericórdia de Vitória, da qual Constanteen Helal era provedor. Também há suspeitas de que o próprio Jorge Michelini, tio de Dantinho, tenha sido eliminado por ameaçar contar tudo que sabia. Numa madrugada, o carro que dirigia foi atingido pelo ônibus de uma empresa, cujos veículos só circulavam até meia-noite. Segundo Louzeiro, outros dois assassinados foram um mecânico que prestava serviços para Paulinho Helal e o porteiro do Edifício Apolo.
O corpo de Araceli, segundo as investigações, teria sido levado num Karmann-Ghia do Edifício Apolo para o Bar Franciscano, onde ficou dentro de uma geladeira. Posteriormente, o corpo teria sido conduzido à Santa Casa de Misericórdia, com a cumplicidade do funcionário do serviço de necrópsia Arnaldo Neres, que viraria depois dono de funerária. Finalmente, o cadáver da menina foi deixado no terreno baldio. Muita gente viu e soube do que estava acontecendo durante aqueles dias. Os carrascos de Araceli fizeram tudo quase abertamente, tal a certeza da impunidade. O inquérito policial não passou de uma farsa e o longo processo judicial não conseguiu transformar evidências em provas.
Ainda assim, em agosto de 1977, o juiz Hilton Sily (falecido em abril passado), determinou a prisão de Dante de Brito Michelini e Paulo Constanteen Helal, pelo assassinato de Araceli, e de Dante Barros Michelini, acusado de tumultuar o inquérito para livrar o filho. Em outubro do mesmo ano eles já estavam soltos e o juiz havia sido “promovido” a desembargador. Em 1980, Dantinho e Paulinho foram julgados e condenados, mas a sentença foi anulada. Em novo julgamento, realizado em 1991, os reús foram absolvidos.
O crime já prescreveu. Mas o Caso Araceli é uma ferida que nunca cicatrizou completamente. Mexer com o assunto em Vitória ainda desperta medo, revolta e incredulidade.

Atenção!!!! Não podemos esquecer!!!!

18 de maio: Dia nacional de combate ao abuso e exploração sexual.


Mobilização Social
Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infanto-juvenil“Esquecer é permitir. Lembrar é combater”. Este é o slogan do 18 de maio, o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infanto-juvenil. A data reafirma a importância de se denunciar e responsabilizar os autores de violência sexual contra a população infanto-juvenil. Instituído em 2000, o dia faz alusão a um crime, ocorrido no Espírito Santo, há 27 anos, em que Araceli Cabrera Sanches , então com oito anos de idade, foi violentada e assassinada. A campanha do Dia 18 de maio, produzida pelo CEDECA/BA, foi adotada pelo Governo Federal.


Os Conselhos Tutelares de Osasco estão se mobilizando para que esse dia não seja esquecido.
Precisamos falar sobre o que realmente acontece com nossas crianças e corrermos contra o tempo, para que esse fato deixe de acontecer.

Conselho Tutelar Centro 3683 5770
Sul 3684 0212
Norte 3656 3440

Plantões :
Centro 7549 2491
Sul 7548 7026
Norte 7549 3053

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Direitos??????? Quais??????


Artigo 18 do ECA:
"É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente,pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano,violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor!."
Tenho lido esse artigo várias vezes para que realmente eu me convença dele.
Então , de repente chega a senhora,que fala inúmeras vezes que não quer ficar de forma alguma, com as netas bem pequenas.
Meu Deus!!!!,como é tarde para o almoço,resolvo que tenho que me alimentar,e já nem sei como,porque o estômago revira!
Pela manhã....láno lugar que quase ninguém vê,bem atrás do que se chama comunidade,está , bem além do enorme portão verde,com grades também verdes,um campo....mas quando penso que é daqueles que costumava ver no interior, basta olhar para a direita e lá está: um enorme buraco,com um povoado tentando sobreviver, debaixo da miserabilidade.
Pouco???????
Retomo: artigo 25: "entende-se por familia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes."
.....enquanto isso,na sala tumultuada,alguns optam por termo de responsabilidade,outros por familia estendida, outros pelo apelo de se saber como fazer certo, e então,fica acertado,que diante do que se propõe em errar o menos possível: abriga-se!
e queira Deus que tudo se acerte para que realmente as pequenas douradas mereçam de fato,um lar.
as horas passam e eu nem consegui citar o príncipe que chegou quase descalço, comos olhos cheios de água,implorando para ficar em qualquer lugar,menos em sua Casa.
Pára!!!!!!!!
quero muito poder dizer que oconselho tutelar da cidade de Osasco,veio para fazer a diferença, e vai fazer!!!!!!!!
sem demagogia,mas temos que entender dos direitos todos!
Agita Conselho!!!!!!!!!!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Só atuando é que percebemos como a lida é mais complexa do que imaginamos, o acompanhamento do caso tem que ser visto por todos os ângulos para termos fundamentos e nos posicionarmos de forma à realmente resolver a questão do direito violado... Estamos na luta e somente unidos resolveremos esta realidade!!!
Abraços da Conselheira Mônica

sábado, 17 de janeiro de 2009

Indignada.

Nem sei se realmente é essa a palavra correta para falar de fatos tão corriqueiros, porque nem sei o quanto de pessoas se sentem ainda sensibilizados pela causa da criança e adolescente , de fato!

Para quem lida ou milita na causa, sabe que o estatuto da criança e adolescente diz no seu artigo 18: "é dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo -os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor"

Fora isso, ainda tem o fato de que fomos criados numa sociedade praticamente cristã, onde os ensinamentos são no sentido de que na formação em familia, devemos nos respeitar e amarmos uns aos outros como irmãos.

Pois bem, assumi o conselho tutelar centro, na cidade de Osasco, em janeiro desse ano e não demorou nada para que já me deparasse com um caso de intolerância em relação à criança e adolescente, que deveria, para então ser provido de respeito, ficar sem alguns de seus direitos, como por exemplo: esporte/ lazer/liberdade/convivência familiar e comunitária.

Meu Deus! aí paro e penso, não!!!!!!! quase que nem penso e já quero sair para resolver o caso à minha maneira: será que não dá para a pessoa entender que essa criança ou esse adolescente tem direitos?????? será que não dá pra entender que todos nós, se não fomos, no mínimo seremos crianças e adolescentes?????

Muitos respondem: Veja bem, assim como a criança tem direitos, os adultos também os tem!

Stop!!!!!! Todos temos direitos! Mas não será racional, os adultos conseguirem pensar e tomar decisões mais sábias, ou estamos na inversão de tudo e serão elas ( pequenas e médias) que estarão no controle de situações tão adversas?????

E foram vários dias, que isso me incomodou.....pensei/ refleti e decidi dividir essa angústia. Porque não dá para ficarmos parados diante de fatos tão simples e que nós adultos complicamos tanto!!!

Não sei se é falta de calor humano/ amor ao próximo/ entendimento da palavra familia/ acréscimo das palavras coerência e cativar. Quaisquer que sejam os fatores, passou da hora de nós ,seres humanos adultos pararmos para refletirmos sobre nossas ações frente ao mundo como um todo.

Todos nós podemos mudar!

Todos nós podemos ajudar/ colaborar/cooperar!

Passou da hora!