quinta-feira, 24 de maio de 2012

Dia Nacional da Adoção [25 de Maio]
Não podemos esquecer essa data. Tantas são as crianças que ainda estão sem um lar.Precisamos nos importar. Precisamos lutar...botar a cara a tapa e decidirmos que realmente toda criança tem que ter um lar,uma família...e não ficar pro resto da vida em abrigos. Precisam de um lar. Muitas crianças chegam nos abrigos bebês e o tempo vai passando, vão crescendo e fincando pé no abrigo. Isso não pode continuar. Quando estive como Conselheira Tutelar  titular na cidade de Osasco, uma das minhas lutas e gritos foi justamente por esse motivo. Aqui a Vara da Infância age morosamente e quando decide, na maioria dos casos, é Adoção Internacional ,como se não tivesse famílias no Brasil que pudessem adotar.E ainda continua a mesma situação e um bando de gente sem fazer nada , mesmo vendo, sabendo e compactuando com tais atitudes. Não há a necessidade de segurar as crianças em abrigos. Tem famílias querendo seus filhos e isso deve ser visto de modo sério. Não é possível e não há de se admitir morosidades, burocracias emperrando o bom andamento para decisões com responsabilidade. Que possamos pensar e agir, com carinho e responsabilidade, pois isso é muito sério.


[Rosi Ribeiro]


Pergunto: Cadê a atitude??? Cadê  solução pra uma situação que é fácil???
Meu repúdio à morosidade.  À falta de atitude. À falta de luta. Não basta ficar sentado em escritórios fazendo atendimentos não.. é necessário ter  Atitude.
Gente! Acorda!
A luta tem que continuar...nunca desistir.

quarta-feira, 16 de maio de 2012


Profissionais falam sobre aspectos da alienação parental em audiência pública

15/05/2012 - O promotor de Justiça Manoel Luiz Prates Guimarães abriu a audiência pública sobre alienação parental, realizada no Plenarinho da Câmara na noite desta terça-feira, 15, destacando a necessidade da formação de pessoas equilibradas, que pensam no bem-estar de seus filhos. O presidente da Casa, Gilberto Koch – Betinho (PT), foi o proponente da atividade. Estiveram presentes também os vereadores Anita Lucas de Oliveira (PT) e Sergio Hanich (PMDB).
Profissionais falam sobre aspectos da alienação parental em audiência pública
 Falsas acusações de abuso sexual
Guimarães, que ficou por oito anos à frente da Vara de Infância e Juventude, chamou a atenção para a existência de falsas denúncias de abuso sexual. “É um grande problema, pois causa uma demanda de trabalho desnecessária.” Há situações em que a denúncia falsa é feita com o intuito de alienação parental, disse. “Não são de percentual significativo: são apenas um subproduto da realidade de abuso. A melhor maneira de combatê-las é combater a violência sexual.”
Contudo, nos casos de denúncia falsa, a vida do acusado torna-se, ao menos por um breve período, um pesadelo. Em um primeiro momento, ele pode apenas aguardar a avaliação psicológica da criança. “Se a violência sexual for confirmada, tem que haver o afastamento. Caso contrário, o pai ou a mãe que fez a denúncia falsa pode ser responsabilizada criminalmente pela outra parte.”
Em sua avaliação, esse é um problema social – e não legal. “A decisão mais importante que um ser humano pode tomar em sua vida é com quem ter filhos. A alienação parental pode destruir psicologicamente a criança.” Por isso, Guimarães destacou a necessidade da educação, da convivência familiar madura e da promoção do bom senso, do respeito e do equilíbrio.
Em busca de uma solução
O presidente da Associação Brasileira Criança Feliz, Sérgio de Moura Rodrigues, explicou que a entidade nasceu do descontentamento de pais e mães alienados – e também da necessidade de se conscientizar a população. “Em cerca de 80% dos casais separados há vítimas de alienação parental.”
 A advogada Claudia Maria Petry de Faria frisou que a alienação parental existe há muito tempo, mas foi preciso uma longa luta para que houvesse uma legislação contra essa prática. “Que bom seria se não precisássemos desta lei, mas ela é necessária para alertar sobre o que não deve ocorrer.” Ela citou como exemplo de prática alienatória o ato de informar incorretamente o outro genitor sobre a rotina da criança, e apontou ainda que o problema não diz respeito apenas a casais separados.
A visão da psicologia
A síndrome de alienação parental (SAP), destacou a psicóloga Cynthia Schwarcz Berlim, é um distúrbio infantil que surge, principalmente, em contextos de disputa pela posse e guarda dos filhos. Ela alertou, porém, que a classificação como síndrome ainda é polêmica entre os profissionais da sua área. Mas, ao contrário da nomenclatura, o reconhecimento do problema é unânime. “Manifesta-se por meio de uma campanha de difamação que a criança realiza contra um dos genitores, sem que haja justificativa para isso. Essa síndrome resulta da programação da criança por parte de um dos seus genitores.”
Cynthia citou alguns comportamentos clássicos do alienador: impedir o outro genitor de exercer seu direito de visita, apresentar novo cônjuge ou companheiro aos filhos como “novo pai” ou “nova mãe”, interceptar a correspondência do filho, criando obstáculos à intimidade, desvalorizar ou insultar o outro genitor na presença dos filhos, recusar informações aos outro genitor, e tomar decisões importantes a respeito do filho sem consultar o outro. “O comportamento do alienador não nasce com a separação do casal, mas remete a uma estrutura psíquica já constituída.”
Ela finalizou sua palestra apontando que os filhos podem apresentar sentimento de abandono, de incompetência e de culpa, insegurança, dificuldade de vínculo e sofrimento. “O que podemos fazer? Multiplicar o conhecimento, estimular a guarda compartilhada e a mediação familiar. Temos, enfim, que distinguir a conjugalidade da parentalidade.”
A importância do diálogo
Para a juíza da 1ª Vara de Família de Novo Hamburgo, Patrícia Dorneles Antonelli Arnold, é importante ouvir a criança. Ela disse que, em sua prática, explica para os filhos que é ela quem decide com quem eles vão ficar – e isso tira um grande peso de cima delas. “Também converso bastante com os pais, de preferência antes da perícia”, afirmou.
De acordo com Patrícia, as decisões no Rio Grande do Sul que levam em conta a nova legislação ocorrem, mas ainda são tímidas. Entre as penalidades para o alienador, explicou, está a multa diária. Ela contou um caso em que chegou a determinar a troca da guarda após ter identificado alienação parental.
Em Novo Hamburgo
O diretor da Associação Brasileira Criança Feliz, Fernando Marco, destacou a importância do Projeto de Lei nº 26/2012, de autoria de Betinho, que institui a Semana do Combate à Alienação Parental no Município. “Acredito que, a partir do ano que vem, a população de Novo Hamburgo vai ter consciência sobre esse problema.” Ele frisou que, historicamente, a mulher é a responsável pelo cuidado da criança. “É preciso desconstruir esse mito, o pai tem seu papel.”
Betinho disse que o PL nº 26/2012 é fruto de uma sugestão de Marco e de Sergio de Moura Rodrigues. O vereador relatou que sua esposa sofre ainda hoje por nunca ter conhecido seu pai, por isso conhece de perto o problema.
O que é
De acordo com a Lei nº 12.318/2010, alienação parental é o ato de interferir na formação psicológica da criança ou do adolescente para que rejeite seu genitor, podendo tal ato ser promovido pelo outro genitor, pelos avós, ou por quem tenha a criança ou o adolescente sob sua guarda. Isso fere direitos fundamentais, como a convivência familiar saudável.

segunda-feira, 14 de maio de 2012


Botando o dedo na ferida

Precisamos estar atentos a tudo que acontece...não é mais possível deixarmos passar em branco situações tão catastróficas e  deixarmos  fora das nossas lembranças. Mesmo que doam, é preciso botar o dedo na ferida e escancarar  noticias ao mundo...não podemos ficar inertes.  Aqui mesmo na cidade de Osasco, aconteceu um caso muito  parecido com o da menina Aracelli , com a mesma idade e bem perto da data. Acompanhei esse caso,na época e  qualquer pessoa ficaria chocada com a barbárie. E muitos outros casos  ainda acontecem,com certeza e  por isso, precisamos lembrar, precisamos falar, esclarecer, e pedir pra que possamos dar um Basta!

18 de maio de 1973. Era uma sexta-feira, quando a menina Araceli Cabrera Crespo, de apenas nove anos de idade, filha do eletricista brasileiro Gabriel Sanches Crespo e da boliviana Lola, foi espancada, torturada, estuprada e morta. Depois, ela ainda teve parte do corpo, principalmente o belo rosto, coberto por ácido. O crime aconteceu em Vitória, capital do Espírito Santo, mas chocou o país inteiro. E maior impacto causou ao se descobrir que os criminosos eram jovens rapazes da mais alta elite brasileira.

Naquela sexta-feira, a pedido da mãe que escreveu um bilhete para a professora da menina, Araceli saiu mais cedo da escola. A garota deveria entregar um envelope a um grupo de rapazes, filhos de famílias ricas e importantes da cidade. O que a menina não sabia era que, no envelope, havia drogas. E ao chegar ao local indicado pela própria mãe, o edifício Apolo, ainda em construção, os rapazes já estariam drogados e atacaram a criança, cometendo os mais diversos tipos de abusos e violências sexuais. Legistas identificaram requintes de crueldade na morte de Araceli. “Os bicos dos peitinhos e a vagina foram lacerados a dentadas. Antes de matá-la, os criminosos morderam a menina toda”, relatavam os legistas. 

O corpo dilacerado da menina permaneceu por mais de três anos na gaveta do Instituto Médico Legal de Vitória, no Espírito Santo. Ninguém ousava olhar ou tentar identificar o corpo ou, ainda, falar sobre o caso. Além de o corpo estar barbaramente seviciado e desfigurado com ácido, na época era perigoso se interessar pelo caso. Era mexer com as mais poderosas famílias do Estado, cujos filhos estavam sendo acusados do hediondo crime. Duas pessoas que se envolveram com o assunto, morreram em circunstâncias misteriosas, o que atemorizava ainda mais a população. 

Em Vitória, na Praia do Canto, no Jardim dos Anjos, havia um casarão onde um grupo de filhinhos-de-papai se reunia para promover orgias regadas a LSD, cocaína e álcool. Nas orgias, muitas vítimas eram crianças. Entre os viciados, era conhecida a atração que dois líderes do grupo, Paulo Constanteen Helal, o Paulinho, e Dante de Brito Michelini, o Dantinho, sentiam por menininhas. Os dois estavam no grupo de rapazes que assassinaram Araceli Crespo. 

Na época, havia comentários na cidade de que eles drogavam e violentavam meninas e adolescentes no casarão e em apartamentos mantidos exclusivamente para festas de embalo. O comércio de drogas era e é forte naquela cidade. O Bar Franciscano, da família Michelini, era apontado como um ponto conhecido de tráfico e consumo livre de drogas, sem que autoridades policiais tomassem qualquer providência.

Na cidade, muitas pessoas disseram que a diversão dos jovens Dantinho e Paulinho Helal era rondar os colégios da cidade em busca de possíveis vítimas, apostando na impunidade que o dinheiro dos pais podia comprar. Dante Barros Michelini era rico exportador de café e chegou a ser preso, acusado de tumultuar o inquérito para livrar o filho da prisão. Constanteen Helal, pai de Paulinho, além de rico, proprietário de imóveis, hotéis, fazendas e casas comerciais, era um poderoso membro da maçonaria capixaba. 

Na casa modesta, localizada na Rua São Paulo, bairro de Fátima, onde Araceli vivia com o pai, a mãe e o irmão Carlinhos, poucos anos mais velho do que ela, também vivia o cão vira-lata Radar, xodó da menina, que o criava desde pequenino. O nome do cachorro foi escolha de Araceli porque ele parecia um radar, sempre a localizava. No dia em que a menina não regressou para casa, o pai dela a procurou entre amigos e conhecidos e até em um bar, onde a menina costumava parar para brincar com um gato. Mas a pequena não foi encontrada. Sem saber aonde mais ir, Gabriel distribuiu fotos da filha pelas redações de jornais na tentativa de que alguém desse alguma notícia. As buscas prosseguiram no dia seguinte. No colégio, Gabriel ficou sabendo que a menina tinha saído mais cedo da escola. De acordo com a professora Marlene Stefanon, Araceli tinha "voltado para casa perto das 4h30, de acordo com o pedido da mãe, em um bilhete”.

Seis dias depois do desaparecimento de Araceli, um menino que caçava passarinhos em um terreno baldio perto do Hospital Infantil Menino Jesus, na Praia Comprida, no Centro de Vitória, encontrou o corpo despido e desfigurado de Araceli. Começou, então, a ser tecida uma rede de cumplicidade e corrupção, que envolveu a polícia e o judiciário e impediu a apuração do crime e o julgamento dos acusados por uma sociedade silenciada pelo medo e oprimida pelo abuso de poderosos locais, onde se dizia, havia o envolvimento do filho de um ministro de Estado e de outros rapazes importantes.

Dois meses após o aparecimento do corpo da pequena vítima, o superintendente de Polícia Civil do Espírito Santo, Gilberto Barros Faria, afirmou que já sabia o nome dos criminosos. Eram muitos e a população de Vitória ficaria estarrecida quando fossem anunciados. Barros havia retirado cabelos de um pente usado por Araceli e do corpo encontrado e levado para exames em Brasília, confirmando a identidade da menina desaparecida.

Até aquele exame pericial, havia dúvidas de que era mesmo de Araceli o corpo que apareceu desfigurado no terreno baldio. Embora o pai já houvesse reconhecido o corpo da filha por um sinal de nascença, em um dos dedos dos pés, Lola, ao contrário, negava a evidência. Para confirmar a sua certeza, um dia, Gabriel levou o cachorro Radar ao IML. O cão foi direto à geladeira e começou a arranhar furiosamente a gaveta onde estava o corpo de Araceli.

Já, no dia seguinte ao desaparecimento da filha, Lola sofreu uma crise nervosa e precisou ser internada no Pronto Socorro da Santa Casa de Misericórdia. Ainda no início das investigações, a mãe da menina foi apontada como viciada e traficante de cocaína, fornecedora da droga para pessoas influentes da cidade e até como sendo amante de Jorge Michelini, tio de Dantinho. Lola passou, então, a ser suspeita de ter facilitado a morte da própria filha. Ela era irmã de traficantes de Santa Cruz de La Sierra (Bolívia), para onde se mudou assim que o caso tomou proporções gigantescas. Lola deixou no Brasil o marido e o filho Carlinhos.